Usar a CENV para Cuidar do outro sem descuidar de nós mesmos, e da nossa natureza


A CENV, não é um modelo pedagógico de fala, e sim modelo de processo sistêmico, dinâmico e funcional, significa o árduo trabalho de como manifestar nossas humanidades , cocriando novas realidades “as verdades que mexem e estão vivas dentro de nós”. 

Exatamente as relações que tememos mexer, “ nossas sombras”, significa que além de usar todo ferramental escrito e testado por Marshal durante sua vida, podemos hoje agregar os conhecimentos e tecnologias humanas como: a Psicologia Positiva, do Coaching de Bem-Estar que venho me dedicando, também nos Processos Circulares e Mediação! Metodologias ativas de desenvolvimento humano!

Observando melhor nosso contexto e com tolerância, podemos compreender como construir as pontes que nos conectam ao outro e a nós mesmos! Precisamos sempre de presença de outros, para estarmos conectados? Perceber nossas necessidades, mesmo quando cuidamos do outro? 
A atividade de cuidado é mútua, compartilhada, cocriada, só acontece quando nos desafiamos e ir em direção ao outro e nós mesmos. Então também é muito importante entender que, quando precisamos “mais” do outro para que nossa necessidade seja atendida, é muito importante que isto não diminua o cuidado do outro consigo mesmo, gerando equilíbrio, estamos falando do momento sagrado e do movimento complexo da vida. Estar com o outro, mas não depender do outro para ser feliz!

Os aprendizados nos ensinam que quando temos expectativas, estamos agendando e antecipando nossas frustrações. Com a vivência/experiência, as expectativas se destroem no encontro com a realidade quando penso “eu não posso dizer isso”, na verdade eu escolho não dizer isso pois sua preferência é de não ter que lidar com a reação da pessoa à sua fala, ou o que causa em você. É importante salientar a diferença entre aquilo que eu preciso e aquilo que eu prefiro, e as histórias que eu conto para mim!
 Como, juntos podemos anunciar a verdade sem manipular, sem temer a reação do outro? Você já tinha pensado nisso?

Minha rede de apoio são as pessoas que fazem parte da minha vida, das minhas conexões e que eu posso recorrer quando preciso de escuta, de clareza e de apoio para uma ação, creio que fica bem claro que a Rede Crescer DH, se transformou em um prolongamento de pessoas que se encontram partilham de valores comuns e se apoiam e estão despertas nesta transformação para o mundo, trabalham juntas, e se constroem como seres humanos na caminhada de reconhecimento de si e do outro e de desenvolvimento dos locais que encontram.
Não sabemos como seremos recebidos quando entramos em ação. Cada um de nós está em seu processo de desenvolvimento e de experiências e adquirir suas próprias ferramentas para lidar com estímulos à sua maneira. Sim novos aprendizados e novas perguntas, que podem trazer um mindset de crescimento.

“Não é você que me aborrece, irrita, magoa, por exemplo. Sua ação é apenas um estímulo para aquilo que está acontecendo comigo, dentro de mim”.
Perceba que há uma linha tênue entre considerar que o que o outro faz é a causa do que eu sinto e considerar que o que o outro faz é estímulo para acessar o que eu sinto”, diz Dominic Barter
Queremos trazer neste momento de dialogo pelo blog estas palavras de sabedoria de Arun Gandhi
A CNV, embora compassiva, nada tem de passiva!
Palavras de sabedoria, palavras de Arun Gandhi, um presente!

Este texto foi retirado na sua integra do livro Comunicação não Violenta, pois traduz muito do que é um contexto onde nasceram tantas iniciativas pela PAZ e redução dos conflitos e persistem em nosso meio. Elegemos como uma voz ativa a nos lembrar, que não estamos sozinhos, nem tão pouco sem ferramentas. Estamos sim a cada dia avançando num complexo sistema crescente e silencioso pela construção da PAZ no mundo e começa exatamente neste ponto pequeno e central, dentro do nosso coração.

“Crescer como pessoa de cor na África do Sul do Apartheid, na década de 1940, não era nada agradável. Principalmente se você era lembrado da cor de sua pele a cada momento do dia. Depois, ser espancado aos 10 anos por jovens brancos que o consideravam negro demais e em seguida por jovens negros que o consideravam branco demais, era uma experiência humilhante que poderia levar qualquer um a uma vingança violenta.

Fiquei tão indignado com esta vivência que meus pais decidiram me levar para a Índia e me deixar algum tempo com meu avô, o lendário Mohandas Karamchand Gandhi, para que eu pudesse aprender com ele a lidar com a raiva, a frustração, a discriminação e a humilhação que o preconceito racial violento pode provocar. Naqueles dezoito meses, aprendi mais do que esperava. Hoje meu único arrependimento é que eu tinha apenas 13 anos, e ainda por cima, era um aluno medíocre. Se eu fosse mais velho, um pouco mais sensato e pensasse mais, poderia ter aprendido muito mais. No entanto as pessoas devem se contentar com o que recebem e não ser demasiado gananciosas – uma lição fundamental no modo de vida não violento. Como poderei esquecer isso.

Uma das muitas coisas que aprendi com meu avô foi a compreender a profundidade e a amplitude da não violência e a reconhecer que somos todos violentos e precisamos efetuar uma mudança qualitativa em nossas atitudes, com frequência, não reconhecemos nossa violência porque somos ignorantes a respeito dela. Presumimos que não somos violentos porque nossa visão de violência é aquela de brigar, matar, espancar e guerrear – o tipo de coisa que cidadão comum não fazem.
Para me fazer compreender isso meu avô me fez desenhar uma árvore genealógica da violência, usando os mesmos princípios usados nas árvores genealógicas das famílias. Seu argumento era que eu entenderia melhor a não violência se compreendesse e reconhecesse a violência que existe no mundo.

Toda a noite ele me ajudava a analisar os acontecimentos do dia – tudo que eu experimentara, lera ou fizera aos outros – e a coloca-los na árvore, sob as rubricas “física” (a violência em que se tivesse empregado forca física) ou “passiva” (a violência em que o sofrimento tivesse sido mais de natureza emocional).

Em poucos meses cobri uma parede do meu quarto com ator de violência “passiva”, a qual meu avô descrevia como mais insidiosa que a “violência física”. Ele explicava, ele explicava que, no fim das contas, a violência passiva gerava raiva na vítima, que como indivíduo, ou membro de uma coletividade, respondia violentamente. Em outras palavras, é a violência passiva que alimenta a fornalha, da violência física. Em razão de não compreendermos ou analisarmos este conceito, todos os esforços pela paz não frutificam, ou alcançam apenas uma paz temporária, com podemos apagar um incêndio, se antes não cortamos o suprimento de combustível que alimenta as chamas?

Meu avô sempre enfatizou uma forma eloquente a necessidade de não violência nas comunicações - algo que Marshall Rosenberg vem fazendo de modo admirável há muitos anos, em seus escritos e seminários. Li com considerável interesse seu livro Comunicação Não Violenta – Aprimorando seus relacionamentos pessoais e profissionais e fiquei impressionado com a profundidade do trabalho e a simplicidade das soluções.
A menos que “nos tornemos a mudança que queremos ser no mundo” (como diria meu avô), nenhuma mudança jamais acontecerá. Infelizmente, estamos todos esperando que os outros mudem primeiro.

A não violência não é uma estratégia que se possa utilizar hoje e descartar amanhã, nem é algo que nos torne dóceis ou facilmente influenciáveis. Trata- se isto sim de, de inculcar atitudes positivas em lugar de atitudes negativas que nos dominam. Tudo que fazemos é condicionado por motivações egoístas (“que vantagens eu levo nisso? É esta constatação se revela ainda mais verdadeira numa sociedade esmagadora materialista, que prospera com base num duro individualismo. Nenhum destes conceitos negativos leva a construção de uma família, comunidade ou nação homogênea. 
Não é importante que nos reunamos nos momentos de crise e demonstraremos patriotismo agitando a bandeira: Não basta que nos tornemos uma superpotência, construindo um arsenal que possa destruir várias vezes nosso mundo com poderio bélico, porque não se pode construir a Paz sobre alicerces de medo.

A não- violência significa permitir que venha à tona aquilo que existe de positivo em nós e que sejamos dominados pelo amor, respeito, compreensão, gratidão, compaixão e preocupação com os outros, em vez de sermos pelas atitudes egocêntricas, egoístas, gananciosas, odientas, preconceituosas, suspeitosas e agressivas que costumam dominar nosso pensamento.
É comum ouvirmos as pessoas dizerem: “este é um mundo cruel, e se, a gente quiser sobreviver também tem que ser cruel”.

Tomo humildemente a liberdade de discordar de tal argumento.
O mundo em que vivemos é o que fazemos dele. Se hoje é impiedoso. Foi porque nossas atitudes o tornaram assim. Se mudarmos a nós mesmos, poderemos mudar o mundo, e esta mudança começará por nossa atitudes, nossa linguagem e nossos métodos de comunicação”.

Arun Gandhi, Fundador Presidente do MK Gandhi Institute for Nonviolence




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